História dos Estados Unidos-Leandro Karnal
1.Um novo ministério formado na Inglaterra traria ao poder homens mais dispostos a submeter a colônia do que ceder às pressões dos colonos. O ministro da Fazenda, Charles townshend, decretou, em 1767, medidas que foram conhecidas como atos townshend. Esses atos lançavam impostos sobre o vidro, corantes e chá. A assembléia de Nova York foi dissolvida por não cumprir a Lei de Hospedagem. Foram nomeados novos funcionários para reprimir o contrabando, bastante praticado nas colônias. O resultado dessas novas leis foi novos protestos, novos boicotes e declarações dos colonos contra as medidas. As leis acabariam sendo revogadas. No entanto, em Boston, quase ao mesmo tempo em que se deu a anulação dos atos townshend, um choque entre americanos e soldados ingleses tornaria as relações entre as duas partes muito difíceis. Protestando contra os soldados, um grupo de colonos havia atirado bolas de neve contra o quartel. O comandante, assustado, mandara os soldados defenderem o prédio. Estes acabaram disparando contra os manifestantes. Cinco colonos morreram. Seis outros colonos foram feridos, mas conseguiram sobreviver. Era 5 de março de 1770. O Massacre de Boston, como ficou conhecido, foi usado largamente como propaganda dos que eram adeptos da separação. Um desenho com a cena do massacre percorreu a colônia. O cheiro de guerra começava a ficar mais forte.
2. A mais conhecida dela interditava o porto de Boston até que fosse pago o prejuízo causado pelos colonos. A colônia de Massachusetts foi transformada em colônia real, o que emprestava grandes poderes a seu governador. O direito de reuniões foi restringido. A Inglaterra demonstrava que não toleraria oposições às suas leis.
3. O filósofo desenvolveu a idéia de um Estado de base contratual. Esse contrato imaginário entre o Estado e os seus cidadãos teria por objetivo garantir os “direitos naturais do homem”, que Locke identifica como a liberdade, a felicidade e a prosperidade. Para o filósofo, a maioria tem o direito de fazer valer seu ponto de vista e, quando o Estado não cumpre seus objetivos e não assegura aos cidadãos a possibilidade de defender seus direitos naturais, os cidadãos podem e devem fazer uma revolução para depô-lo. Ou seja, Locke é também favorável ao direito à rebelião. (Esse princípio de resistência à tirania justificava a revolta dos ingleses diante das medidas autoritárias dos stuart no trono da Inglaterra.)
4. Na verdade, as 13 colônias não se uniram por um sentimento nacional, mas por um sentimento antibritânico. Era o crescente ódio à Inglaterra, não o amor aos Estados Unidos (que nem existiam ainda) que tornava forte o movimento pela independência. Mesmo assim, esse sentimento a favor da independência não foi unânime desde o princípio. Já vimos anteriormente que o sul era mais resistente à idéia da separação. E tanto entre as elites do Norte como as do sul, outro medo era forte: o de que um movimento pela independência acabasse virando um conflito interno incontrolável, em que os negros ou pobres interpretassem os ideais de liberdade como aplicáveis também a eles. Na verdade, as elites latifundiárias ou comerciantes das colônias resistiram bastante à separação, aceitando-a somente quando ficou claro que a metrópole desejava prejudicar seus interesses econômicos.
5. As sociedades secretas foram uma das primeiras reações dos colonos contraas medidas inglesas. Amais famosa delas foi Os Filhos da Liberdade, que estabeleceu uma grande rede de comunicações, em muito facilitando a articulação entre os colonos. Os Filhos da Liberdade também eram uma escola de política, pois seus membros liam as principais obras políticas (como a de Locke, entre outras) para darem base intelectual ao movimento.
6. As mulheres também organizaram Ligas do Chá com objetivo de boicotar a importação de chá inglês. Nas grandes cidades como Nova
York e Boston, mulheres encabeçavam campanhas contra produtos elegantes
importados da Inglaterra e incentivavam produtos feitos em casa, mais simples, porém mais “patrióticos”.
7. Em meio ao início de hostilidades deu-se o segundo Congresso da Filadélfia.
Esse Congresso acabaria reunindo todas as colônias, inclusive a resistente
Geórgia. Inicialmente, apenas renovou seus protestos junto ao rei, que acabou se
decidindo a declarar as colônias “em rebeldia”.
8. A 2 de julho de 1776, o Congresso da Filadélfia acaba decidindo-se pela
separação e encarrega uma comissão de redigir a declaração da independência.
A declaração fica pronta dois dias depois, em 4 de julho.
9. Em 4 de julho de 1776, o Congresso se reuniu na Filadélfia e proclamou, com o
apoio da população, o surgimento de uma nova nação: os Estados Unidos da
América. Quando, no curso dos acontecimentos humanos, torna-se necessário para um povo dissolver o vínculo político que o mantinha ligado a outro, e assumir entre as potências da terra a situação separada e igual a que as leis da natureza e o deus da natureza lhe dão direito, um decoroso respeito às opiniões da humanidade exige que ele declare as causas que o impelem à separação. Os representantes das colônias, reunidos na Filadélfia, resolveram então explicar ao mundo o que o mundo não tinha perguntado: as causas da separação. Para isso, enumeram 27 atitudes da Inglaterra que prejudicaram as colônias. A explicação e a justificativa não se destinavam à “humanidade”, como dizia o
texto, mas aos próprios colonos que só pouco antes haviam decidido pela separação.
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